quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ritual

Abri os olhos
E ao meu lado não te vi
Fechei os olhos
Nada! Acho que te esqueci
Abri a boca
Teu gosto em minha saliva se perdeu
Fechei a boca
E nada aconteceu
Ouvi ruídos
Não era meu nome pronunciado por ti
Tapei os ouvidos
Pra que me servem os sons do bem-te-vi?
Abri os meus braços
Neles não viestes te aconchegar
Cruzei os braços
Na esperança que eu estivesse somente a divagar
Respirei fundo
Só senti o cheiro do mar
Cobri o nariz
Não houve como respirar
De repente:
Abri os olhos e a boca
Ouvi ruídos e descruzei os braços
Acordei do pesadelo
E vi tua imagem no espelho:
Como em todas as manhãs
Me acordas com o teu ritual
Ao gosto da menta da pasta de dente
Do cheiro do sabonete
Dos versos de um samba antigo
"Meu Amor": te digo!