quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Abecedário do Amor

É vida
O que dá nome a ela
Última letra do alfabeto
Primeira no meu coração
Deu vida a quatro filhos
A quem chamo de irmãos

Ieiê, Vovó Zoê ou Mãe
Personagens que ela interpreta
Somos todos espectadores
Do teatro da nossa vida completa

E toma emprestada uma frase alheia
Para definir o que lhe corre na veia:
“Perdão pela loucura
Porque metade dela é amor
e a outra também”

Seus amores, um abecedário inteiro
Bruna, Joana e Camila
As traduções de um amor verdadeiro ...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Coragem

... e me encanto com o que o futuro me reserva
Sem reservas, sem medo
Como se a tempestade viesse
e eu abrisse meus braços para recebê-la
Neste momento, não sinto ansiedade
Sinto vontade
Uma vontade imensa de fazer o melhor,
de me doar inteira
Sem amarras, sem angústias
Certa de que já tive outros desafios
E consegui sair ilesa
Certa de que posso, mesmo quando me dizem o contrário
Certa de que confio no que sou e no que sei
Certa de que estou forte como pedra
E suave como a água
E adoto o conselho de um grande amigo:
Ser firme nos princípios e doce na abordagem!
E para atender ao meu compromisso:
De firmeza e docilidade,
Repito, como um mantra:
Coragem!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tristemente

Sinto sentir o que sinto hoje
Quando a dor é serena
consciente, profunda
Sinto não sentir o que sinto hoje
solidariedade,
admiração e afeto
Sinto a sua falta mais do que ontem
Ontem, quando estive ao seu lado
em transe, completamente entregue a te fazer feliz,
já que a data te era por demais importante
E hoje sinto que não sintas o mesmo
Sinto dolorosamente
Sinto tão sentidamente,
Que nem choro
Tamanha é a dormência
Que me invade tristemente...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Jardim de Brinquedo

Banho de chuva
Bolo de chocolate
Roda gigante
Medo de trovão

Esconde-esconde
Pega-pega
Andar de Bicicleta
Fugir de assombração

Ganhar uma bronca
Tirar nota vermelha
Sujar a roupa
Apanhar do irmão

Comer brigadeiro
Cantar no chuveiro
Querer ser bombeiro
Brincar de polícia e ladrão

Calçar sapatos da mamãe
Escutar atrás da porta
Fingir dor de barriga
Adorar macarrão

Sou criança
Sou feliz
Minha casa é fantasia
Ser adulto é meu desejo
Meu jardim é de brinquedo
Faço graça, faço versos,
Sou poeta da alegria...

Aconchego

Espero-os chegar
Como quem espera ver o mar
Com ansiedade e alegria
Para que sempre possam voltar
Nossa casa está aberta
Sem trancas nas portas e janelas
Ao entrarem irão sentir
O cheiro do aconchego e
o gosto adocicado do bem querer
Venham sem pressa de ir embora
E compartilhem da nossa boa mesa:
Bebam da nossa bebida
Comam da nossa comida
E dividam conosco
A felicidade de tê-los por perto
No final, bêbados de vinho e cerveja
Façam versos e prosas,
No aguardo da sobremesa...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Minestra da Vó Zuca

Dos cheiros que tenho da infância
Um não me deixava dormir:
a minestra da Vó Zuca
Era dia de casa cheia
Era dia de brincadeira
Nos assaltos à goiabeira
Meus três irmãos
Eram dez
Tamanha a barulheira
Era dia de casa cheia
Era dia de brincadeira
Da minestra da Vó Zuca,
ao peixe na frigideira
Se sinto saudade não confesso
Só o faço através desses versos
E dos cheiros que tenho da infância
Muitos ainda não me deixam dormir:
a minestra da Vó Zuca,
a folha da goiabeira, o peixe na frigideira
Minha casa já não é tão cheia
Não há tempo pra brincadeira
Dos três irmãos
Dois, são pais de três lindas meninas
Donas da minha atenção, também do meu coração...
Quisera que elas pudessem
Provar da sopa minestra
Conhecer Vó Zuca
E todos os cheiros daquela casa em festa...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Senhor e Escravo

No tempo da calmaria
Dar vazão à tempestade
No tempo da pouca idade
Dar espaço para a inocência
No tempo do desamor
Dar jeito de ter paciência
O tempo pode ser, de uma só vez,
nosso senhor e escravo
Nos presta homenagem
Ou mesmo, um desagravo
Um minuto pode ser pouco
Ou por vezes, demasiado
Uma hora, uma eternidade
Ou por vezes, 60 minutos acelerados
Uma conversa com quem se ama
Uma piscada de olhos
Para um beijo apaixonado
É só não olhar nos relógios
É dia de bem me quer
É dia de bem querer
Quem inventou o tempo
Que trate dele correr...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pecado

Era dia
E o teu amor a me iluminar
Eu dormia
Sem hora pra acordar
Prazer é despertar com teu sorriso
Me oferecendo a boca
Pronta pra eu beijar

Era noite
E o teu amor a me aquecer
Eu resistia
Sem hora pra adormecer
Prazer é encostar no teu corpo
Te oferecendo um abraço
Pronta pra abrir os braços
Pra neles te acarinhar

E amanhece
E anoitece
Vem a madrugada
Nossa cama bagunça
No lençol emaranhado
Teu travesseiro atravessado
Meu cabelo despenteado
Vestidos: só de pecado!

O lado errado do rosto

Era para ser um filme comum, num dia comum... Mas uma frase, lá no meio do que ainda não me emocionava, já que o enredo era simples, sem complexidade, despertou um sentimento novo, diferente em mim. - “Porque você está chorando? - Eu não estou chorando, só estou sorrindo com o lado errado do rosto!”

Depois de ouvir esse diálogo entre os personagens perguntei a mim mesma: quantas vezes sorrimos com o lado errado do rosto? Difícil precisar...Isso de dizer "sorri com o lado errado do rosto" me fez pensar que as coisas porque passamos, sejam boas ou más, só dependem de como as enfrentamos. Nossas dores podem, e penso que devem, ser exorcizadas, mas ao invés de dizermos que sofremos muito com aquele ou este problema, porque apenas não admitimos que é o nosso lado errado do rosto que insiste em sorrir. Ou quem sabe se dissermos que os olhos, na parte errada do rosto, sorriram um sorriso choroso.

É só mesmo um ponto de vista, e que ponto de vista! O que para uns é melâncolia, para outros é saudade, o que para uns é agonia, para outros ansiedade, o que é desejo, pode ser apenas vontade. É simplesmente o lado errado de nós sorrindo para a vida.

Descobri que quero sorrir assim, sem medo, todos os dias, um sorriso choroso, sempre do lado errado do rosto. O lado que não tem simetria, o lado onde gosto de ser beijada, o lado direito da minha vida à esquerda, o lado que não é obscuro nem explícito, o lado de lá, de lá onde a distância entre a lágrima que cai e a boca que a apara, é infinitamente pequena...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Pão de mel

O meu neguinho é doce
Como um pão de mel
E samba bem miudinho
Que é de tirar o chapéu

O meu neguinho sabe que lhe quero bem
Me acorda com os versos do Cartola
E às vezes do Jorge Ben

O meu neguinho é cheio de bossa
Faz graça, faz fita, me abraça, me atiça
E me beija apressado
Com acordes ritmados que invadem meu coração...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Samba de uma noite só

Ele olhou pra ela
Ela nem lhe viu
Como um mestre sala, fez mil piruetas
E lhe deu passagem quase em referência
Ela fez descaso, mas o coração tremeu
E errou o passo ensaiado por dias
na quadra da escola vazia
Ele então pensou: Vou ganhar à morena...
Ela deu de ombros
E do coitado deu pena
Mas ele insistiu e ela logo sorriu
Os dois se olharam
Algo enfim se deu
Da cadência ao fato
Do aconchego ao abraço
Do cheiro no pescoço, enfim o beijo
Mas não é que a danada da morena
Cheia de cena
Tinha um outro alguém
Este apareceu
E ela, do seu mestre sala,
assim... esqueceu
Esqueceu do beijo, do abraço, do fato
A cadência perdeu o ritmo
O aconchego deu em “chega pra lá”
E tinha cheiro de briga no ar
Ele conta que a história virou samba
Samba de uma noite só
Diz que um samba assim
Tem começo, meio e fim
Toca uma vez só e de uma só vez
Pra não dar vexame no salão
E arranjar outra dona pro seu coração...

Pingando versos

Não olho, espio
Espio a vida
Como quem dela não pede, deseja
Espio o amor
Como quem dele não pulsa, incendeia
Espio da janela
Como quem deseja a vida e incendeia o amor
Não mordo, eu provo
Provo o tempo
Como quem dele não teme, apenas enfrenta
Provo a amizade
Como quem dela nada espera, apenas aceita
Provo da chuva
Como quem dela não se deixa molhar,
apenas pingar...
E espio da janela a vida e o amor,
pois provo do tempo, da amizade, da chuva a pingar...
Não olho, espio
E pingo... pingo versos no papel branco vazio.

Mercedita

Tomamos por vezes tradições emprestadas,
visto que somos um povo de muitas misturas
é fácil entender os versos "pampeiros" de Maria Augusta, a nossa Guta:

"Era sempre a mesma melodia
Uma milonga vivida
Rendida pelo abraço nos braços do acordeón
Com um gosto assim carmim na boca de conhaque
E aquele cheiro de riso sem fim

O veludo vermelho já velho e cansado
Escutava como em confidência à meia luz esfumaçada
as glórias dos bravos
as derrotas dos desamados
E uma gente que era só do mundo, e mais ninguém
Ciganeava vida adentro, e cantava noite afora

Palmas que, resignadas, seguiam os tacos da marcação do violeiro
Palomas e viagens voavam na cabeça daqueles tantos pobres homens
Que já rodavam o salão com Mercedita, sempre bem vinda
E tudo era um sonho doce no meio daquele canto triste de mundo

Lá na mesa dos fundos como em meio a um encantamento
A Morocha mais guapa de toda a cercania
Escondia seus ares feiticeiros
Numa mantilha de franjas longas e negras
E como que deslizando por sobre o calor da saudade dos tempos idos
Desnudava seu colo a cada ventada do abanico rendado
Mirava a todos e a nenhum
E ardiam em chamas as entranhas dos estranhos

E seguia tudo assim
Um amor de passagem, entre uma milonga e um trago
Até que entrava madrugada
Carregando os forasteiros para a estrada
Pra buscar parada n’algum campo de horizonte largo
E fazer morada breve num lugar desse mundo triste sem fim"

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Ventos de Outono

Quando for preciso cair para levantar
Quando for preciso lutar para permanecer vivo
Quando for preciso calar para ser ouvido
Quando for preciso mudar para ser o mesmo
Quando for preciso desfolhar para voltar a florir
Eu estarei lá
Para abrir as janelas aos ventos trazidos pelo outono
Comemorando o que já conquistamos
Garantindo que teremos mais
Mostrando que somos fortes
É tempo de nos orgulharmos
De juntar forças para novos desafios
E de dar continuidade ao que a mudança nos trouxe de bom
Feliz Outono!
Feliz continuidade da mudança!
Felicidades!

Acalanto

É só topada
Qualquer “parada”
Ela é parada
Sem lenço, sem documento

Sem sorte, por esporte
Nasceu sem guarida
Sem tutor
Sem papas na língua

Não tem nenhum pudor
E tudo que é “zica”,
Coisa ruim, doença rara
Ela pega a distância

Laça “touro a unha”
Chora igual criança
Para os “normais”
Virose passa
Nela: avança!

Sem proteção, sem noção
Vai vivendo a vida
Tira de letra
Qualquer “treta”,
Faz careta

Tem pressa,
Faz promessa pra tudo que Santo
Diz que Deus mandou lembrança
E como um mantra
Seu sorriso de noite vira pranto,
Um lindo acalanto...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Versos Confessos

Desaprender
Desaparecer
Desfalecer
Desencontrar
Desconversar
Me convencer de que é preciso mudar
Para aprender
Aparecer
Renascer
E encontrar pra te falar:
Que gosto de gostar
Do modo como vc transforma palavras
Em versos confessos
Cheios de farpas, esparsas mordaças
Rimas conexas a me atormentar
E assim: desaprendo...
Não, eu me rendo!

Mulher Difícil

Vc faz graça
Quando canta versos pra me provocar
Diz que se eu não tomar jeito
Vai me deixar
Ataca de Noel, Cartola e Paulinho
Pensa que vou me render
Pelo som do cavaquinho
Mas sou mulher difícil
Dessas que a rima não sai fácil
Por isso, se vc quiser reclamar
Da minha folga, do meu deboche e da minha poesia
Tem que pesquisar os sambas dos mais bambas
Pois nem toda a canção é só folia
Nem todo o carnaval é só orgia
Dizes que me amas
Mas eu não acredito
Pensas que me enganas
E disso eu não duvido...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Ritual

Abri os olhos
E ao meu lado não te vi
Fechei os olhos
Nada! Acho que te esqueci
Abri a boca
Teu gosto em minha saliva se perdeu
Fechei a boca
E nada aconteceu
Ouvi ruídos
Não era meu nome pronunciado por ti
Tapei os ouvidos
Pra que me servem os sons do bem-te-vi?
Abri os meus braços
Neles não viestes te aconchegar
Cruzei os braços
Na esperança que eu estivesse somente a divagar
Respirei fundo
Só senti o cheiro do mar
Cobri o nariz
Não houve como respirar
De repente:
Abri os olhos e a boca
Ouvi ruídos e descruzei os braços
Acordei do pesadelo
E vi tua imagem no espelho:
Como em todas as manhãs
Me acordas com o teu ritual
Ao gosto da menta da pasta de dente
Do cheiro do sabonete
Dos versos de um samba antigo
"Meu Amor": te digo!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Sua morenice

A sua morenice
É doce só de olhar
O seu jeito menino
Eu sei só no andar

A sua morenice
Me cai muito bem
Combina com meu tom de pele
Como só em mim e mais ninguém

A sua morenice
Tem sujeito e predicado
É verbo impositivo
No presente e no passado

A sua morenice
É cura para todos os males
Quase uma recomendação
Tem prescrição médica:
Usar sem moderação!

Infância

Entendam: está no meu DNA
São versos de Paulo Barreto,
pessoa intensa e que por 21 anos chamei de pai...

"Uma mulher me gerou
Outra inventou o amor
pra me conquistar..."

"Mas no dia 23 de setembro
Ou talvez em outro dia qualquer
Quero a verdade translúcida
No corpo de um homem ou mulher..."

Pequena Grande Noite

Lhes apresento um poema de improviso,
feito entre palavras e vinhos
São versos doces e simples,
embalados por uma feliz amizade
Lhes apresento a poesia de Mônica Vasconcelos,
amiga de versos sinceros e espero: eternos!

"Noite intensa
Noite imensa
Noite pra dizer
aquilo que a gente pensa
Noite pra nenhuma desavença
Noite de puro escancarar,
de pura entrega
Noite pra dizer o que
de repente se nega
Noite de afinidade
Noite de sinceridades
Grande noite, aqui nesta cidade"

Minha Métrica

As letras correm soltas
Assanham versos perfeitos
Rimas em festa
Poesia: minha métrica
Um punhado de amargura
Um punhado de alegria
Um acento circunflexo
Pra meu Soneto ter nexo
Crônica: Conto arrastado
Conto: Crônica do passado
Brinco que sei fazer Prosa
Pra divertir os teus dias
Brinco que sei fazer Versos
Pra que terminem Poesias

terça-feira, 9 de março de 2010

Feminino

Criam-se datas
Para que comemoremos o que já é nosso
Dias especiais: são todos...
Por vezes, inóspitos
Recuamos
Tomamos posse
Inventamos a espécie
E sobrevivemos em tese
As lutas e a sorte
Nos revelamos inteiras
Coesas, insanas
Esperando que nos enxerguem
Lindas, naturalmente expostas
Só para que compreendam
Que além de Deus,
Só nós geramos a vida
E dela não temos domínio
Somente deixamos a marca:
Feminino
Fé menino!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Para elas

De todas as conversas
Para elas, as sem intenções são as melhores
Dizem o que lhes interessa
Ouvem relatos sem pressa
O tempo passa arrastado
Com espaço para o inesperado
Mulheres têm almas rebeldes
E soltas, revelam segredos
São loucas, e falam bastante
Do verso a prosa, a poesia completa
Entendem um pouco de tudo e nada sabem
Amam desesperadamente, somente as pessoas de sorte
E fingem, fingem demasiado
Eternas, transcendem a morte!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Disfarce

No disfarce da tua indiferença
Encontro um afeto envergonhado
Desses que cheiram a pecado
Na indiferença do meu disfarce
Meu amor é declarado
Desses que não cheiram, mas exalam
Desejo, sofreguidão, paixão
Bagunço tua vida
Me tiras do sério
De tudo, nada é possível
E vivemos um amor platônico
Que morre antes de ter nascido
Para ficar encantado
No tempo perdido...