sexta-feira, 29 de abril de 2011

A cidade que é dele

Entre o céu um tanto cinza
E a falta de cores dos seus paredões de edifícios
Entre a ausência de natureza
E um mar de carros apressados
Entre o que me incomoda
E uma promessa de vida futura no lugar que é dele
Escolhi não escolher
Esperando o momento que meus olhos serão mais generosos
Esperando o dia em que irei me apaixonar
E esperando, decidi escapar
Tão diferente de onde vim
Tão diferente do meu conceito de cidade
Tão diferente de mim
Tudo em volta me apavora
Como se seus concretos
Me prensassem, me oprimissem
Como se a fumaça que sai dos seus carros
Me sufocasse, me suprimisse a alegria
Pobre de mim:
Intransigentemente exigente
Descabidamente leviana
Pois há que se encontrar poesia
E pintar a vida com outra paleta de cores
Percebendo que o cinza que veste suas ruas
Pode ser o azul envergonhado
Ou o verde maltratado...
Não é minha essa cidade
Não é meu esse lugar
Mas hei de encontrar poesia
E lhe pintar com uma paleta de cores
No cinza pingar minha prosa
Ver nascer o arco-íris
Ir do branco ao cor-de-rosa...

terça-feira, 26 de abril de 2011

A cidade que é minha

Lembro-me dos dias frios
Embora deles não sinta saudade
Apenas do vento forte a bater em meu rosto
Do alívio do café bem quente
Da sensação de dormência nos pés
Lembro-me dos dias mais curtos e das noites mais longas
Embora disso não tenha saudade
Apenas de esquentar o corpo ao sol
Da comida caseira da minha avó
Do conforto de dormir com pesadas cobertas
Tempo de ter tempo de sentir sensações
Tempo de ter tempo de nada fazer
Esperando a próxima estação,
que chamamos Verão
Onde as noites são mais curtas e os dias mais longos
Me enchendo assim de saudade
Levada pelo balanço do mar
e pela lembrança inebriante dos que quero bem
E quando o Verão vai embora, vou-me embora também
Pois sei que essa cidade é minha, só minha e de mais ninguém...