quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Nunca aprendi rimar

Maria Augusta Assirati, a Guta, é presença marcante em minha vida. Seus versos já foram postados por aqui. Guta faz prosa cheia de doçura em reposta ao meu "Não sei fazer poemas". E peço permissão por licença poética para titular suas rimas. Lhes apresento:

Nunca aprendi rimar

"E eu que nunca aprendi rimar
aquele mar de pensamentos,
que onda riam, onda calavam
a areia fina de meu peito,
inventei de amar a poesia

Fiz do verso a alegoria de meus medos
da palavra, a fantasia dos dias
em que eu, nua, vestia preto

Deitava assim uns traços vãos
na imensidão de um papel qualquer
resignado e reto

Das linhas curvas brancas de minhas febres
escapavam vozes baixas, tímidas
que a tinta entre os dedos das mãos desnudava lentamente
vivenciando aquelas frágeis frações,

Eram mais que poesia
Eram uns pedaços da liberdade descuidada
despudorada
Eram esboços de uma beleza invisível,
Inseparável do espaço oculto de meus prazeres e dores

E eu que nunca soube rimar
conheci minha íntima poesia
E aprendi a chorar palavra
a sorrir poema
sem rima
sem graça
sem vergonha"

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Não sei fazer poemas

Minha agonia é delirante
Quase redundante de tão abundante
Sai rima de onde não espero, não quero
Escrevo de forma a jogar palavras no papel
E tenho contigo uma Lua de Fel
Veja que a rima: me persegue!
Como se simples fosse o que sinto
Complexo é como me comporto
E tensa, há dias que não me suporto
Irritante, a rima se impõe

Louca, louca, sou louca por ti
Inspiro e transpiro nosso amor
Mas hoje, paradoxalmente, minha ira ecoa
a falta e a presença de humor

Sou perseguida por ela: a rima
Desisto...
Não sei fazer poemas
Sei chorar pingado, versos apagados
Num coração despudorado,
Preenchendo o vazio do papel branco pautado...