sexta-feira, 24 de julho de 2009

Poeminha Alegre

...nem me lembro do dia de ontem
Acho que chorei
Pudera...cansei
E pela manhã, bem demanhãzinha
Acordei assim
assim, alegrinha
Deixei de ser enjoadinha
E de tarde, bem "detardezinha"
a felicidade em mim voltou
Pudera...vc me acalmou
E não é que acordei assim
assim, alegrinha
Já deixei de ser enjoadinha
E de noite, bem "denoitinha"
Nosso amor há de continuar
Pudera...vc vai insistir em beijar
E o amor que a gente já tinha
se espalhará pela nossa caminha
como a areinha fininha
que sempre se derrama no mar...

Só da Lu

Tem gente que diz que a gente ama muitas vezes,
muitas pessoas...
Gente que diz que existe vários amores,
o amor aos pais, o amor aos filhos
e o amor amor... aquele que damos beijinhos na boca
Mas toda essa gente que diz,
não é capaz de dizer que um outro amor também nos faz muito feliz
Então eu acho que vou dizer, sem “diz que me diz que”
que eu conheço um outro amorzinho,
aquele que sinto pelos meus irmãos,
aquele que não é me dado o direito de escolha,
mas que não há imposição mais acolhedora,
acatada conscientemente sem nenhuma dúvida...
É um amor invocadinho, cheio de pequenas disputas,
disputas por outros amores,
aqueles dos nossos autores...
Mas é um amor muito diferente,
desses de doer o coração da gente...
E num dia como hoje, dia do nascimento de um amor desses
estou triste e alegrinha
É... tudo ao mesmo tempo...
Porque nem sequer um abracinho, um cheirinho e um carinho
nesse irmão vou poder fazer
E confesso bem aqui, ao final desses versinhos,
que hoje, em especial, meu amor não atende no masculino
O amor que nasceu no dia 4, nas águas do mês de março,
é do gênero feminino e é mesmo o meu chuchu...
na certidão Luciana, mas que para a todos que ama, atende mesmo é por Lu...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Viva

Entrego-me aos dias
Letárgicos
Inertes
Namoro a tristeza
Ensaio a angústia
E o tempo passa
Passam-se os dias
Frenéticos
Eufóricos
Namoro a alegria
Ensaio a felicidade
Ufa: estou viva!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um dia

Um dia ela cruzou a faixa
Um dia ousou fazer diferente
Um dia pensou em largar tudo
No outro mudou de idéia

Um dia ela cansou da rotina
No outro pedia por ela
Um dia ela não queria ser ela
No outro sofria por não ser mais quem era

Um dia cansou, foi-se embora
Um dia típico de verão
Um dia de alegria
No outro já não era não...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Para que eu volte a sorrir

Para que eu volte a sorrir
É preciso:
voltar de onde eu vim
pisar sem pressa a areia molhada do mar
ouvir a Joana gritar
ter tempo pra ver a noite chegar...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Acolhida

Um abraço do mar
Uma lambida do vento
O calor do sol
Saudades da minha terra
Saudades de todos lá
A lembrança me acalenta
E me faz querer voltar...

sábado, 18 de julho de 2009

Poeminha da Dúvida

Porque te preocupas?
Há culpa?
Eu, com felicidade confesso:
nasci sem ela, a culpa...
No mais, te peço:
não me chateie, nem te chateie com coisas pequenas
Meus humores mudam,
é fato...
Mas meu instinto de sobrevivência está em alerta,
se necessário, na dúvida, relato...
Por hora prefiro a poesia,
não diz nada e ao mesmo tempo diz tudo
Porque te preocupas?
Há culpa?
Se há, segue o conselho,
que se fosse bom eu não dava, vendia...
Da culpa: te liberta
Mas lembra: estou alerta...

Cotidiano do Amor (Música)

Eu vou contar
o que você não quis ouvir
que amar é muito mais que ceder
é entender, é enternecer
e enriquecer o cotidiano...
Eu vou contar
o que você diz já saber
que amar é muito mais que ceder
é reconhecer, é repartir
e redescobrir o cotidiano...
Não posso ensinar a você
tudo o que ainda preciso aprender
que amar é muito mais que ceder
é cuidar, é catequizar
e comemorar o cotidiano...
Quem dera que o amor fosse uma seqüência de escolhas
e entender, enternecer e enriquecer,
reconhecer, repartir e redescobrir,
cuidar, catequizar e comemorar
verbos conjugados no presente do cotidiano...

Romeu e Julieta

Quando eu fico assim
Do jeito que você não gosta
Cuide pra não ficar por perto
Ou nosso amor entorta
Nesses dias não sou flor que se cheire
Sou o que me der na telha
Uma menina arteira
Cheia de não me toques
É natural que não me suportes
Mas acabo de descobrir
Que mesmo nesses dias
Você quer estar assim
Do meu lado, colado
Quase velando por mim
E é aí que o teu amor se mostra
mais generoso que o meu
Então agradeço, pois você é o meu Romeu
E de Julieta não tenho nada
Sou uma guria folgada
Dessas de amargar
Por isso, fiz o poema
Porque hoje o meu dilema
É achar uma maneira de você me perdoar
Mas acho que encontrei um jeitinho:
Julieta vai declamar um versinho
Que é pra garantir que vc, meu Romeuzinho
Nunca irá me deixar...
“Romeu, Romeu estou louca por um beijo teu
esquece as minhas ofensas,
e por favor diga que pensas
em jamais me abandonar
Meu amor é esquisito,
Mas confesso que acredito
Que ele veio pra ficar...”

O Encontro

...tive a sensação de que conhecia todos eles há muito tempo,
tempo em que não éramos, mas tínhamos sido,
tempo de lutas e solidariedade,
tempo de medo e saudade.
Depois daquela conversa tudo pareceu familiar
o gosto do vinho, o som das risadas, a mesa enfeitada.
Não nos chamávamos de amigos,
não nos reconhecíamos queridos,
mas depois daquele encontro
não éramos, nem tínhamos sido,
estávamos...
infinitamente mais próximos do que no tempo
das lutas, da solidariedade, do medo e da saudade
não éramos, nem tínhamos sido
estávamos... unidos!

Poeminha do Amor

Não se morre de amor
Ensinaram-me isso ainda menina
Morre-se de coisinhas miúdas, menores
Morre-se cotidianamente
Por medo, posse ou angústia
Não se morre de amor
Ensinaram-me isso ainda menina
Morre-se de dor, raiva ou dúvida
Mas não se morre de amor
Porque o amor não é coisinha miúda
Um amor é coisinha engraçadinha, maior
Que dá coragem, liberdade e certeza,
Que cura, serena e acolhe
Não se morre de amor
Ensinaram-me isso ainda menina
Só não me ensinaram a não sentir medo, posse ou angústia,
Dor, raiva ou dúvida
Essas coisinhas miúdas, menores
Mas de amor... posso garantir
Não se morre...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Para os meninos da Cultura

Dança, poesia em movimento
Circo, poesia em equilíbrio
Teatro, poesia em prosa
Música, poesia em verso
Arte, poesia em andamento
Livro, poesia pura
Cultura, poesia nua!

O dono da minha rua

Ruas nos mostram as "caras" das cidades,
Quem são aqueles que nela vivem
Os sonhos perdidos dos que ali não nasceram,
mas vieram construir sua história
Passei dias olhando ruas, pessoas que nelas moram,
sonhos realizados ou por realizar
Há em mim um gesto natural que precisa de identificação e comparação
das ruas onde vivo, onde moro, onde nasci
Procuro nos rostos das pessoas um pouco das pessoas
que amo ou que deixei de amar
Procuro emoções que já não são minhas
e outras que quero expressar
São tantas as construções imponentes,
cheias de histórias pra contar
Meu universo é tão pequeno
e pequena me sinto diante do que meus olhos registram sem piscar
Não queria voltar, queria por lá ficar
por ruas onde não sou conhecida e onde não há conhecidos
Onde posso viver um personagem por dia sem intenção de me revelar
Tão engraçado é que achei que ainda passaria muito tempo
sem ruas novas avistar
Essas que vi nesses dias, longe demais de onde vim
ficarão na minha memória como um filme por terminar
E quando me lembrar das ruas, dos rostos, das histórias, das emoções
Irei me lembrar de alguém que me faz sentir viva
e que sabe da vida o de melhor tirar
Alguém que me é um presente
Alguém que hoje é o dono da minha rua.

Partes do todo

Não, um momento
não retrata o todo
Penso que o todo
é que faz da "parte" especial...
E só por isso
quero mais dias de "todo"
quero mais dias em paz
quero dizer que não quero
nos machucar nunca mais
Parte do que sinto
é a soma de todo amor que tenho por ti
Parte do que te peço
é a soma de todo amor que tens por mim
Parte de mim quer partir
penso no todo
isso me impede de ir
É tanto amor que lhe tenho
que em parte não é possível medir
Mas começo pelo todo
para que voltes de novo a sorrir...

Poeminha da Saudade

...e há dias que acordo sentindo o cheiro do mar
Uma saudade imensa toma conta de mim
Me pergunto se é possível viver longe dele
O mar...
Achei que não conseguiria
Achei que olhar o horizonte e não vê-lo
Seria quase a morte
Mas dizem que antes de morrer deliramos
Será que o cheiro que sinto é delírio?
Acabo de descobrir que não tenho medo da morte
E como diria meu avô, um pescador de nascimento que nunca soube nadar,
Se a morte é descanso, eu prefiro viver cansada...
A paisagem do Cerrado cansa, é monótona
Não tem a cadência das ondas do mar
Mas aqui acho que encontrei um amor
Pra no seu colo deitar
E quando o tédio me toma
Esse amor insiste em me fazer sorrir
E quando penso que foi-se embora, embora o cheiro do mar
Uma outra manhã me desperta
Para ele de novo voltar
Continuo delirando?
Será a morte?
Penso no meu avô
Meu coração serena
Pulo da cama atrasada
E repito baixinho:
Se a morte é descanso, eu prefiro mesmo é viver cansada...

Poeminha da Ausência

Acho que começa assim: lentamente...
Um acordar para que nos demos conta da presença de alguém que amamos
Sim, é preciso dizer que é da presença que sentimos falta
Quero crer que a palavra ausência de nada significa
Já que é a ausência que nos machuca
Nos torna vazios...
Porque então, dar significado ao que nada significa, ao vazio?
Mas se é a falta de alguém que nos torna vazios
É razoável aceitar que é na volta ou no reencontro
Que nos sentiremos cheios de novo
Cheios de significados, de vida, de alegria
Pois a isso chamam: generosidade
A generosidade do amor
Que nos é emprestada com a presença de quem amamos
Ausência, que ausência?
O que nos toma... invade... é a saudade da presença
Presença que nos envolve com seus cheiros, gostos, gestos, protestos
Por isso, para terminar esses versos
Hei de confessar: sentirei para sempre, sempre que de ti me "descolar"
Uma imensa saudade da tua presença...

Da Natureza Dela

(Uma versão bem humorada para a história de Santa Clara)

... e o humor dela variava de acordo com o tempo lá fora. Quando o sol enchia o dia era como se tudo nela também se enchesse: o sorriso, os gestos, as palavras. Quando o cinza cobria o céu visto da sua janela era como se tudo nela também se cobrisse: o sorriso, os gestos, as palavras. E quando a chuva forte destruía as flores do seu jardim também era como se tudo nela fosse destruído: lábios cerrados, gestos contidos, sons inaudíveis.
Mas, apesar de seus dias, serem comandados pelo tempo lá fora, era maravilhoso vê-la, perceber sua relação intrínseca e secular com a natureza. Era como se sentisse a tristeza, a beleza, o frescor dos dias e das noites. Era como se unicamente ela sentisse as quatro estações. Sim... as quatro estações estavam expressas em seu sorriso, gestos, palavras. Era como se ela fosse senhora e escrava do tempo.
E os dias chegavam, as noites se iam, os anos passavam... Cresceu, virou moça. O tempo, senhor e escravo de seus dias perdeu lugar... E então, ele chegou como uma tempestade de verão, aquela que vem depois de um forte calor: refresca, renova, arrepia, confunde... O Amor. Sim, o amor chegou! Era ele agora quem ditava o humor da menina-moça. E para tantas mudanças, quase diárias, nenhuma explicação... Quem a conhecia, espantava-se: - Como pode? Olhe o sol brilha lá fora! Porque estes lábios cerrados, tantos gestos contidos, estes sons inaudíveis? Não... eles não percebiam, ela amava. Amava desesperadamente, um amor imaturo, estranho. E se o sol brilhava ou não lá fora pouco lhe importava, queria mesmo era ver Francisco. Francisco... sim era como o amor se chamava. Se por ele cruzasse, é assim... na rua, era como se o sol lhe sorrisse, e o dia mesmo chuvoso lhe enchia de alegria, encanto e tagarelice. Mas se dias o Francisco lá no final da rua não despontasse, que tormenta, que tempestade a povoar seus pensamentos mesmo que o sol quente anunciasse o verão.
Francisco se foi, assim como se foi o verão daquele ano... Outros Franciscos vieram, é certo seus nomes mudaram. E as variações de humor se foram... Mas que encantadora mulher ela se tornou, que espontâneo sorriso, que elegância de gestos, que suavidade de sons... Era assim agora a natureza dela. Era clara, também no nome: Clara. Só lamentava o fato de agora seu humor só variar cinco dias no mês e não ser mais senhora nem escrava do tempo e do amor, mas de uma tal TPM. Aquela... da natureza delas!